Cidadão de Plástico


Era ontem, não fosse sempre
Densa nuvem radioativa
Blocos inertes de concreto
E uma tristeza desmedida

E o cidadão de plástico
Sabe que sua cidade está morta

Era quando, embora hoje
Do passado fez-se breve
Cruel chama que derrete
Timidez que não se atreve

 E o cidadão de plástico
Sabe que sua esperança lhe corta

Era um sonho, distante dorme
A despeito da balbúrdia
Olhos negros em reflexos
Faz-se mister ter concórdia

E o cidadão de plástico
A indiferença suporta

Era simples e inexato
Acalmar o medo indômito
Desbravar a velha sina
Libertar o desejo intrépido

E o cidadão de plástico
Tem poliestireno nas veias
[Mas o cidadão de plástico tem um coração de verdade]

                        Gian