Síndrome de Tourette


E eram os mesmos motivos de sempre
E os mesmos erros
De mil maneiras diferentes
Sempre uma desculpa para ferir
Quem já está dilacerado
Mas não dá para curar
Um coração convulso
E um espírito machucado

Sempre de um jeito indiferente
Meigo, atroz e displicente
Com uma certeza contingente
Do que me faz tão descontente

A avidez virou mania
Da saudade fez-se agonia
Já não sinto o que eu sentia
Hoje me afogo em apatia

E de tudo, o que me resta?
Essa vodka indigesta
Disforia desonesta
Noite fria, fim de festa

Ingenuidade
É não saber que
Entre as roseiras existem espinhos

Serei então culpado
Por não notar
As feridas abertas?

                                                       Gian

Le sourire du soldat


Beije a tez do jovem mancebo
Ele não voltará dessa vez
Esta é a derradeira
É a última e a primeira

Porque numa guerra
Quem ganha é a estupidez
Porque depois que se morre
Não importa o que você fez

No campo de batalha
Ele enxerga a triste bruma
E seu peito se pergunta:
Dez mil vidas valem mais do que uma?

Mas abaixar as armas
É atitude de covarde
E de súbito ele escuta:
Vá em frente, avant-garde

E pelos becos escuros
O inimigo ele pressente
Só não pressente a dor da bala
Que o atinge mansamente

Enquanto o gosto amargo do sangue
Lhe corta a respiração
Ele vê que ao seu lado descansa
O corpo de seu irmão

Beije a tez do jovem mancebo
Você não o verá outra vez
Guarde no porta-retrato
O sorriso do soldado francês


Mais um sorriso despedaçado
Pela bélica insensatez

                              Gian